sexta-feira, 29 de julho de 2011

As vezes quanto mais palavras, mais complicado é explicar o que se sente por isso hoje digo só:
JÁ SOMOS DUAS ROZAS LATINAS POR ESTAS BANDAS!!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Mais uma partida...

Mais um partida...daquelas que custa deixar! Saí, saí sem fazer barulho, já todos estavam a dormir! Tinha de ser assim, que todos se deitem e sonhem, que se deitem antes que me vá. Nao conseguia fazer de outra maneira! Uma história antes de dormir, aventuras em que as personagens principais sao eles, magia e sonhos, para que o sono fosse descansado e eu pudesse partir no meio de tanta imaginacao! Parti bem devagarinho, chorava, nao sabia quando ia voltar! Deixei-os, deixei os meus irmaozinhos que tive durante um mes! Nao foi facil, mas fui descansada sabendo que no dia seguinte iam voltar a sorrir, a brincar, a sonhar...
Assim deixei mais uma cidade, bem devagarinho, sem que ninguém escutasse!

sábado, 16 de julho de 2011

Chovia muito e fazia um frio que penetrava pelos ossos adentro, mas não sei porque razão eu estava quente como se fosse totalmente imune a esta frio. Não consegui entender! À volta as pessoas protegiam-se, cada vez com mais casacos, gorros, tudo para que estivessem protegidas desse frio penetrante que paralisava. Elas também não entendiam, quanto mais de abrigavam, mais frio tinham e eu continuava com calor cheia de calor.. Antes, algum tempo antes também tinha frio, muito frio e protegia-me, mas agora estava diferente!
Só mais tarde entendi, só mais tarde quando o calor voltou a desaparecer entendi. Queria voltar a sentir-lo, mas não sabia como..
Assim passeava pela rua desprotegida desse frio que começava a gelar os ossos e uma senhora acercou-se e disse-me "Porque deixaste de acreditar?" e eu não lhe respondi, mas depois entendi, mas esta pergunta ficou a ecoar dentro da minha cabeça, como uma mosca que está fechada num frasco e não consegue sair. Tentei fugir, tentei esquecer, mas a pergunta não se apagava da minha memória e cada vez tinha mais frio! Até que um dia entendi, entendi e já não queria esquecer, queria gritar, queria saltar, queria correr sentir que o calor do meu corpo voltava e cortava o frio... E então voltei a encontrar a senhora e respondi: "sempre que me entrego sem esperar resposta, sempre que me dou de coração livre, sem máscaras, sem protecções o frio já não existe, a alma está cheia e o amor é tão grande que nos aquece até nas noites mais geladas!" e então entendi as pessoas vivem protegidas no seu mundo, presas e cheias de medo e por isso se congelam e se abrigam até já não ser possível ver a cara...
Voltei, queria falar outra vez com aquela senhora, mas desapareceu, já se tinha ido, nunca mais a vi... Já sabia, no fundo já sabia, ela já se tinha ido porque agora era a minha vez: "porque deixaram de acreditar?"

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Joselito, Joselito mi amor...

Se pudesse levava-o comigo! Quando chego corre para abracar-me, pede-me que lhe faca cocegas, é uma forma de se sentir seguro e amado... Hoje saiu do lar e foi brincar com outros meninos, nao imaginam como os olhos brilhavam por ter sido escolhido para ir passear. A outra rapariga que foi seleccionada dizia "José estas seguro que quieres ir? Yo no te voy a cuidar porque quiero estar con los otros niños"  e ele respondeu "No te preocupes me voy contigo para te cuidar, porque se te pegan yo te protejo, porque soy hombre!". O José tem 5 anos!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ao contrário da entrega!

Se já vivi a entrega total de uma mae, aqui vivo o abandono! Em Tacna, onde estou a trabalhar no Perú, passo as minhas tardes num lar de criancas que foram abandonadas pelos pais. Estas tem todas as idades, desde recem-nascidos a rapazese raparigas de 16, 17 anos. Sao oito lares e casa um tem mais ou menos 8 criancas e uma mae adoptiva que toma conta deles. Fazem tudo como se fossem uma familia e tratam uns dos outros como irmaos. Alguns lembram-se dos pais, outros vao ser adoptados, mas o mais incrivel e que se dao as pessoas com todo o amor que tem. Fui recebida com abracos, festejos, sou tratada por tia, mas pedi para me chamarem de Mafalda, sinto-me mais irma.
O meu coracao volta sempre apertado quando saio de lá, criancas lindas, cheias de bondade, que foram abandonadas. Nao consigo entender como uma mae consegue fazer isso, porque os filhos sao parte de si. Penso que estas pelo menos tiveram a oportunidade de viver neste sitio, onde tem irmaos e pessoas que lhes cuidam.
No outro dia estavamos a ordenar a roupa e eu perguntei de quem era uma t-shirt e uma rapariga de seis anos disse " es de bubu, mi hermanito más chico! Sabes Mafalda, acá tengo muchos hermanos!", senti que para ela essa era a coisa mais preciosa da vida, os olhos brilhavam quando dizia isto,  e guardei esta frase como o maior tesouro que podia levar.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Chile de uma ponta a outra...

Sai de Santiago com rumo ao Peru! Uma viagem de 32h! O que se faz em tanto tempo?! Ia dar em louca, com quem vou falar, que  vou fazer??!! Mas afinal nao, passou a voar e o tempo acabou por ser pouco. Entre livros e ver a vista, dormir um pouco também a viagem pareceu-me mais rápido. Descobri um Chile que desconhecia, conheci o Oceano Pacifico, passei pelo deserto... Fiquei surpreendida, Santiago é uma ilha no meio do Chile, uma cidade que está completamente distante da realidade que se vive na America do Sul. Durante a minha viagem os prédios altos foram mudando para cabanas, casas de lata, os restaurantes passaram a roulotes ao longo da estrada, os cafes com internet desapareceram. Outro país, afinal se eu achava que as diferenca eram so dentro da cidade, estava enganada! Assim que sai percebi isso! Todo o dinheiro se concentra em Santiago e tudo o resto parece meio acessório!!
Um país lindo com tanto para descobrir e uma cidade que ofusca o resto do país! Espreitava por uma janela e tinha montanhas e pela outra um mar sem fim. Tive direito ao amanhecer no deserto e um por do sol na praia. Uma viagem que se parecia aborrecida acabou por me brindar com vistas e paisagens tao distintas que nem a maquina fotografica teve tempo de registar. 32h assim nao sao nada, passam a correr, voam, deixam-te muitas coisas para pensar, vontade de parar o tempo, de escrever e registar. 32h nao sao nada quando se quer conhecer e descobrir.