domingo, 1 de maio de 2011

Cabo Polonio


Estive toda a semana a encontrar as palavras para melhor descrever este sitio, mas acho que por mais que pense e busque nunca vou conseguir. É algo que tem de ser vivido, nem as imagens e fotografias que vejo e que tirei transmitem metade daquilo que considero uma verdadeira magia da natureza. Ia cheia de expectativas sobre este sitio, porque já tinha lido descricoes e visto imagens, mas superou tudo, senti como se tivesse chegado a lugar mágico, onde as palavras não saiem, os olhos não param de piscar de tanta beleza e uma excitação de ver tudo, de sentir cada brisa, de pisar cada bocadinho de terra, de me sentar em cada rocha e ficar todo o tempo a olhar para o céu a ver as estrelas. Cada segundo que passa cada bocadinho de natureza te dá uma novidade e sentes que estás envolvida pela mais pura das belezas e que fazes parte também dela.
A primeira noite mostrou-me que apesar de um céu coberto de nuvens e chuva, uma tempestado tem tanto de assustador como belo. Numa península onde não há electricidade,  onde o que nos ilumina sao as estrelas, a lua e velas, ver os raios a desenharem-se no céu com uma perfeição que é inexplicável foi dos espectáculos de natureza mais bonitos que já vi. Numa noite contempla-se as estrelas, na outra a tormenta. Tanta chuva que parecia que tinhamos uma parede de água, tudo fica diluido e desfocado. Lá em cima o céu revolta-se, é sexta-feira santa! Uma pequenez imensa se sente quando se vê algo de grandioso, sentia-me uma formiga, um grão de areia, uma impotência que me enchia o coração, que me lembrou que a pequenez do Homem, vem da grandiosidade de Deus e que com Ele esta pequenez se transforma em algo tão grandioso e trancendente. Deixei-me ficar, deixei-me envolver por tudo isto.
E...depois da tempestade vêm a bonança! Os raios de sol invadiram o meu quarto logo pela manhã, tudo estava calmo e tranquilo. O vento soprava devagar e juntavamo-nos para tomar o pequeno-almoço mesmo à beira-mar. O dia começava assim devagarinho, sem grandes pressas, porque o relógio aqui não tem horas e o dia rege-se pelo sol. Quanto amanhece é a hora de despertar. Um sábado de descanso, de passeios sem fim, de conversas e de cozinhados. Fizemos pão para o lanche, um bom pão português que já estranhava. Banhos no mar pela tarde, na tentativa de me pôr em pé em cima de uma prancha e desfrutar a velocidade das ondas. Não fui muito bem sucedida, mas o banho de água salgada foi um brinde que não esperava, porque já faz frio por aqui. Pela noite jantou-se o que havia e fez-se uma ceia de bolo e chocolate quente para aquecer. Seguimos daí para a discoteca, uma casa que dá para a praia, onde um senhor põe musica numa mesa de dj improvisada, junta-se umas mesas para fazer de bar e já está. Fez-me lembrar as festas do colégio. Aí junta-se toda a gente que está em Cabo Polonio e mais uma vez a moda não tem importância, hippies, pescadores, estrangeiros, betinhos, dreds. O que seja, está bem e assim se vai convivendo! A noite acaba tarde e faz-se um passeio de volta a casa iluminado pelo céu mais espantoso que já vi, guardo bem essa imagem, o sol deve estar quase quase a nascer outra vez.
Depois de poucas horas de descanso, sente-se outra vez o cheiro a pão. Últimas horas aqui, arrumamos tudo, limpamos a casa e levamos tudo para a praia para aproveitar a manhã. Últimos passeios pela praia para uns, banhos no mar para outros, mas todos com a certeza de que saimos dali com uma força extra impulsionada por toda a natureza que nos rodeava.
Já a caminho de Montevideo voltava com a certeza que um dia estarei outra vez ali, seguro!

2 comentários:

  1. Grande inspiração! Está espetacular este texto, parece que sentimos o que está a viver...
    Um beijinho grande Sheilona!

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  2. Mafalda este texto traz-me um bocadinho de ti....lindo bjs Mãe

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