Chovia muito e fazia um frio que penetrava pelos ossos adentro, mas não sei porque razão eu estava quente como se fosse totalmente imune a esta frio. Não consegui entender! À volta as pessoas protegiam-se, cada vez com mais casacos, gorros, tudo para que estivessem protegidas desse frio penetrante que paralisava. Elas também não entendiam, quanto mais de abrigavam, mais frio tinham e eu continuava com calor cheia de calor.. Antes, algum tempo antes também tinha frio, muito frio e protegia-me, mas agora estava diferente!
Só mais tarde entendi, só mais tarde quando o calor voltou a desaparecer entendi. Queria voltar a sentir-lo, mas não sabia como..
Assim passeava pela rua desprotegida desse frio que começava a gelar os ossos e uma senhora acercou-se e disse-me "Porque deixaste de acreditar?" e eu não lhe respondi, mas depois entendi, mas esta pergunta ficou a ecoar dentro da minha cabeça, como uma mosca que está fechada num frasco e não consegue sair. Tentei fugir, tentei esquecer, mas a pergunta não se apagava da minha memória e cada vez tinha mais frio! Até que um dia entendi, entendi e já não queria esquecer, queria gritar, queria saltar, queria correr sentir que o calor do meu corpo voltava e cortava o frio... E então voltei a encontrar a senhora e respondi: "sempre que me entrego sem esperar resposta, sempre que me dou de coração livre, sem máscaras, sem protecções o frio já não existe, a alma está cheia e o amor é tão grande que nos aquece até nas noites mais geladas!" e então entendi as pessoas vivem protegidas no seu mundo, presas e cheias de medo e por isso se congelam e se abrigam até já não ser possível ver a cara...
Voltei, queria falar outra vez com aquela senhora, mas desapareceu, já se tinha ido, nunca mais a vi... Já sabia, no fundo já sabia, ela já se tinha ido porque agora era a minha vez: "porque deixaram de acreditar?"
Bjs grandes e Cheios de saudades māe
ResponderEliminargracias...
ResponderEliminarComo sempre lindo e profundo!muitos beijos da tua Avó.
ResponderEliminarObrigada**
ResponderEliminarTemos saudades maf!
ResponderEliminarRita e Manel